Mais boi no gancho

Projeções trazem bons indicativos para a pecuária de corte especialmente no segundo semestre; queda no custo de produção pode reforçar ganhos

Depois de um início de ano nada fácil para a pecuária nacional e paranaense – principalmente após a Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal – as projeções de fôlego para o setor parecem ganhar solidez para o segundo semestre. No momento atual de pico de safra, antes da chegada do inverno (21 de junho) e seca no Brasil Central que diminui consideravelmente as pastagens – é momento do pecuarista decidir se segue com os animais para confinamento ou comercializá-los com o peso que chegaram até aqui, afinal, a engorda no pasto vem desde setembro.

Independentemente da estratégia de cada produtor, o mercado caminha para o aumento do abate de animais, mais aquecido para os negócios. Houve uma retração do preço da arroba, é verdade, o que faz os pecuaristas seguirem com a tendência de comercializar maiores volumes neste momento.

De acordo com números da Agroconsult, a expectativa é de um aumento de 9,6% no abate de bovinos este ano no País, se comparado ao ano passado. A projeção é de abate de 40,4 milhões de cabeças, de um rebanho total estimado em 221,6 milhões. O Paraná segue tal tendência, sem números fechados, para um rebanho atual próximo de 9,3 milhões de cabeças.

A consultoria faz uma análise bem aprofundada acerca do cenário da pecuária nacional neste ano. Para isso, é realizado o Rally da Pecuária, maior expedição técnica privada do Brasil, com foco na avaliação das condições da bovinocultura nas principais regiões produtoras. Os técnicos realizam levantamentos qualitativos e quantitativos junto aos produtores, em 11 estados, que correspondem a mais de 80% do rebanho nacional. Esta semana, uma das sete equipes do Rally passou pela região de Londrina e a reportagem da FOLHA acompanhou a visita dos técnicos.

De 6 milhões de cabeças deste estoque excedente nas propriedades, a consultoria avalia que cerca de 3,5 milhões estarão no total a ser abatido. As demais passarão para 2018. Com a oferta superando a demanda, a Agroconsult destaca que os preços médios do boi gordo, no ano, poderão ser 7% a 10% inferiores aos praticados em 2016. “Vários animais que ‘sobraram’ no ano passado serão abatidos este ano e 2018. Em relação a parte técnica, já acompanhamos alguns pastos da região e o que vemos é que estão bem adubados e manejados. O gado está com peso bom e a integração lavoura pecuária tem sido eficiente”, explica o médico veterinário e coordenador técnico do Rally, Ricardo Nissen.

Já o engenheiro agrônomo e coordenador da expedição, Maurício Palma Nogueira, relata que a expectativa deste ano é bem diferente de 2016. “No ano passado, quando fomos a campo, o cenário de custos elevados no manejo estava penalizando a alta tecnologia, que perdia margem. Este ano, o preço da arroba está em queda, só que o milho, a soja e outros insumos estão caindo mais que o preço do gado. Quem trabalha com escala alta, mesmo que a margem seja menor, está com capacidade de multiplicar os resultados. É um momento de favorecimento da alta tecnologia e punimento da baixa”.

Fonte da Notícia
Folha de Londrina

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